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Há 27 anos a UD Leiria conquistava o acesso à 1ª Divisão Nacional, depois de ter estado no último lugar.

O fogo de artifício explodia no antigo Estádio Dr. Magalhães Pessoa, e uma multidão invadia o relvado, com o apito do árbitro para o final da partida. O marcador assinalava um 2-0 favorável aos unionistas e o apito assinalava o final da temporada 1993/94. E com essa vitória, a UD Leiria conseguiu uma das mais surpreendentes subidas de divisão.

“Só não conseguimos apanhar o Tirsense. Fomos apanhando toda a gente pelo caminho, foi uma época fabulosa.” recorda Manuel Cajuda, treinador que assumiu os destinos da equipa à 5ª jornada do campeonato. A União estava no último lugar, com apenas 2 pontos em 15 possíveis, e a subida não fazia parte do pensamento de Manuel Cajuda, quando chegou a Leiria: “Consumou-se aquilo que nem eu próprio acreditava quando fui, no último lugar, com dois pontos apenas em 5 jogos disputados. Foi uma época de crescendo no aspeto futebolístico, quer no futebol que apresentámos, na qualidade que a equipa tinha, quer na exploração dos jogadores. Foi uma época fantástica.”

 

Quando começou a acreditar que era possível?

“Tivemos vários momentos, mas recordo-me do jogo de Viseu. Perdemos 2-1, mas tivemos uma entrega enorme e foi um jogo que nos deu a noção que tínhamos mais qualquer coisa para chegarmos lá. Recordo-me perfeitamente desse jogo. O jogo de Viseu foi o jogo que depois de uma série de vitórias, nós perdemos, e percebemos que tínhamos de voltar a ser humildes e de voltar a colocar os pés no chão.”

 

O relvado que, no fim do último jogo, desapareceu…

Caminhar do último lugar para a subida de divisão é um feito notável, ainda mais porque a UD Leiria não estava na primeira divisão há algum tempo. Manuel Cajuda recorda que, com o apito final do árbitro, no último jogo, o relvado simplesmente “desapareceu”: “Esses momentos são sempre de recordar. Na altura era natural a invasão de campo, pacífica. O relvado desapareceu porque as pessoas tomaram conta do relvado. Toda a gente se perdeu nos festejos, a equipa saiu para fora do estádio e foi para a fonte luminosa. Foram para dentro de água, com os adeptos. Tenho uma fotografia que guardo com orgulho, desses momentos.”

O relvado do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, no final da partida frente ao SC Espinho (2-0)

A competitividade até ao fim e o segredo da equipa

“Os últimos jogos foram terríveis. Nós não podíamos ter andado tanto como andámos e depois falhar no fim, não podíamos morrer na praia. Os últimos 5/6 jogos foram de uma concentração, de uma entrega, de um profissionalismo fantástico. Foi uma época de sonho para a UD Leiria.” frisou Manuel Cajuda.

O segredo para o sucesso não existia, embora houvesse momentos que foram considerados importantes e chave para o sucesso: “Havia coisas que eram importantes, e hoje continuam importantes, que é dizer aos atletas – “Olha, vocês têm o vosso feitio mas é bom que se recordem que eu tenho o meu também. É para mim mais difícil aceitar todos os feitios de 24/25 jogadores, será mais fácil todos aceitarem o do treinador. Aquilo que é importante é os treinadores darem alguma coisa de si aos seus atletas, e eu dei tudo o que lhes podia dar. Dei-lhes confiança, dei-lhes organização, dei-lhes uma metodologia de treino apropriada, e eles perceberam o que é que tinham que fazer. A partir daí tudo foi fácil.”

 

Os atletas festejam na Fonte Luminosa a subida de divisão (1994)

Um sentimento de saudade e uma palavra de apreço

“Eu tive o privilégio de ter vivido uma época de sonho. Estou grato a todos, porque não fui eu só que venci, foram todos que trabalharam para vencer. Foi uma época que me ajudou a dar passos maiores na minha carreira. Eu tinha subido 2 anos antes com o Torreense e depois fui para a UD Leiria e voltei a subir. Isso consolidou a minha imagem como treinador. Recordo com muita felicidade estes momentos.”

 

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